Apoteoses de verão
Vivemos de apoteoses. Endeusamentos que vão e voltam, que se criam e que se destroem.
O estado de divindade é atribuído em diversos ramos da vida, como no relacionamento, na profissão, na mídia, na música, no esporte, entre vários outros lugares. Criamos nosso próprio panteão para que possamos glorificar nossos deuses.
Geralmente esquecemos que em nossa visão de indivíduos dignos de apoteose também estão seres humanos falhos. Se essas pessoas passam bons ensinamentos, que somam para seu dia a dia e são exemplos interessantes, a apoteose moderada até pode ser bem-vinda, embora o ideal seria apenas espelhar-se no lado positivo, sem idolatria exagerada.
O grande problema está na glorificação de pessoas que nem bons exemplos dão, como pode ocorrer com algum artista, cantor ou jogador de futebol, mas também com um profissional da mesma área que você, seu chefe ou até mesmo seu marido.
Tamanha honraria talvez nem seja a melhor forma de submeter aos céus pessoas que na verdade ostentam, além de dinheiro, idolatrias e sentimentos dos mais diversos.
Aquela apoteose romana de elevar líderes da época à categoria de deuses, aplicou sentimentos sociais que são cultivados até hoje, como endeusar políticos, músicos que estouram nas paradas e diversas outras pessoas com exposição midiática, mas por um tempo determinado.
É interessante observar que ao cair na real sobre os deuses sazonais, a reflexão sobre glorificar alguém que em muitas vezes é apenas efêmero, logo acaba e as pessoas imediatamente miram em uma nova apoteose. São divindades com o tempo pré-estabelecido. Geralmente são apoteoses de verão, que vem e que vão.