Personagem principal
Se eu lhe perguntasse agora: quem é o personagem principal da sua vida? Não pergunto a pessoa mais importante, não questiono a pessoa que mais ama. Pergunto exatamente isso: quem é o personagem principal da sua vida? Quem está à frente de tudo, que faz as escolhas, que toma as atitudes, que traça o caminho e planeja o futuro. A resposta parece óbvia, né? O personagem principal da sua vida é você mesmo, ok.
Sempre fiquei um pouco incomodado com a atitude das pessoas de arrumarem desculpas. Claro, desculpas, são desculpas. Elas são diferentes de motivos. “Não pude ir ao trabalho, pois estava de cama, queimava em febre, meu corpo doía, etc”, isso é motivo. Um bom motivo para não dar conta dos compromissos. Afinal, imprevistos acontecem.
As desculpas que incomodam é quando as pessoas esquecem que elas são as personagens principais de suas vidas. Atividades no trabalho e na vida em geral é um dos principais exemplos. “Meu chefe é muito chato, não aguento mais ele”, mas você faz algo para mudar? Você tem duas opções: ou conversa com seu chefe ou troca de empresa. Eu sei que dependendo da profissão, o mercado de trabalho está difícil, mas você pelo menos procura? Só reclamar e ficar de fofocas no trabalho falando do chefe pelas costas não chega a lugar nenhum. Toda a realidade que está ruim, cabe a você dar o passo inicial para a mudança.
O mesmo serve ao contrário, se o funcionário não está rendendo, não tem o perfil da empresa. O personagem principal desse problema na visão da empresa não deve ser necessariamente o funcionário e sim o chefe. Afinal, ou ele treinou o funcionário de forma errada ou escolheu o funcionário errado na seleção.
Às vezes é mais forte que nós, pois quando somos indagados de algo que deixamos a desejar, a primeira reação, geralmente, é se agarrar em uma desculpa. “Você está ganhando melhor no serviço e mesmo assim não está guardando nada?”, sempre temos uma desculpa esfarrapada para coisas desse tipo. “É a crise, tudo está caro, não tem como”. Sempre passamos para a frente nossas falhas. “Eu ganho muito pouco, nunca vou ir para frente assim”. Em muitas vezes ganhar “pouco” é uma opção, para isso é necessário uma auto avaliação. “Será que preciso trabalhar mais? Trocar de profissão? Arrumar outro trabalho? Deixar de só fazer o que me pedem na empresa e ser mais proativo?”. Geralmente nossa acomodação nos tranca e mentimos para nós mesmos, colocando a culpa em diversas outras coisas, mas não em nós. Não olhamos para nós mesmos e nos questionamos se estamos fazendo a coisa certa, nos dedicando a causa com a vontade de quem quer vencer.
Nos relacionamentos também ocorre isso. O marido que chega na roda de amigos e diz: “Minha esposa é um porre. Que saco, não aguento mais”. Ou a mulher que entre as amiga diz: “Não aguento mais meu marido. Ele não sai do sofá, não ajuda em nada, não me convida para sair, implica com tudo que eu digo e faço”. Bom, esses problemas são opcionais. Aí você está chateada, não aguenta mais, por causa do marido? Ou por causa de você mesmo que se propõe a viver assim? Novamente as opções são duas: você faz seu papel? só um lado está errado nessa relação? Já conversou de fato com ele sobre isso? Se você faz sua parte realmente, então que procure quem dê mais valor a você e vida que segue.
Se você é daquelas pessoas que veem problema em tudo, sua vida está ruim, seu emprego está ruim, o relacionamento está ruim, é só negatividade, então em algum momento você terá que se decidir: você é uma pessoa que sempre está vendo problemas e colocando a culpa de seus fracassos nos outros, no destino, no acaso ou você é um resolvedor de problemas?
É muito mais fácil atacar, do que assumir. Quem vê dificuldade em tudo, são os que menos tem chance de ir em frente. Quando cai a ficha e entendemos o que é ser, de fato, o personagem principal da nossa vida, não culpamos os outros, nem o acaso, nem a crise. A gente vai lá, estufa o peito e resolve.