O Show Nosso de Cada Dia
É inegável dizer que a música faz bem ao ser humano. Não importa qual seja o ritmo, de uma extremidade a outra, indo do Funk carioca ou Heavy Metal extremo, todos fazem bem a quem se identifica com determinado estilo musical.
Com a música podemos expor nossos sentimentos e fazer através do som a trilha sonora perfeita para momentos marcantes em nossas vidas.
Além de músicas que escutamos em CDs, DVDs e mp3, os shows ao vivo em que frequentamos ao longo dos anos também marcam momentos importantes. Nos faz recordar com quem fomos, onde fomos, quantos anos tínhamos na época e em que fase da vida estávamos.
Pensando em tudo isso, resolvi dar uma lembrada em shows que eu fui ao longo da vida.
Quando era mais novo fui a alguns festivais, festas de rádios ou eventos dos mais variados tipos em que muitas bandas tocavam. Muitas eu nem gostava muito, mas eram aquelas tarimbadas que estavam em todas. Parando para pensar, eu lembrei estar presente em shows de Acústicos e Valvulados, Acústico Marley, Alemão Ronaldo, Bidê ou Balde, Cachorro Grande, Capital Inicial, Chumarruts, Cidadão Quem, Comunidade Nin-jitsu, De Falla, Duble, Engenheiros do Hawaii, Maria do Relento, Nenhum de Nós, Papas da Língua, Pato Fú, Pitty, Planet Roots, Tequila Baby e Ultramen.
Falando sobre esses festivais, quando eu era bem novo, tinha um no Bairro Tristeza, perto da minha casa, acho que se chamava Natal Luz, era na praça do bairro. Uma semana inteira com shows e apresentações dos mais variados tipos. Chegávamos a ir a pé, eu , Chapolin, Samuel, Ismael e Macalé. Lembro que uma banda me chamou a atenção, depois eu nunca mais vi. Chamavam-se Os Kamikazes, lembro que o refrão de uma música deles era “O.M.P. vai se f*$#@”, esse O.M.P. devia ser muito mala mesmo hehe.
O lugar que mais gosto de ir é o Opinião, exatamente pelo som que toca lá. As bandas residentes nas festas são sempre as mesmas, algo do tipo Izmália e Foxy Lady, que se apresentam sempre na casa. Claro, o som que eu mais gosto é Heavy Metal, o que não vale para as bandas que tocam nas festas do Opinião, mas diferentemente dos outros locais noturnos de Porto Alegre, é possível ouvir Rock N’ Roll.
Outra coisa interessante é os shows tributo, não é?! Eu já fui a uns três Tributos ao Iron Maiden, de bandas diferentes fazendo o cover, elas alternavam tanto. Vale muito a fase que a banda cover mais gosta, creio eu.
O mais doido destes shows cover é a expectativa. Poxa, eu gosto de tal banda, o cara chega lá todo orgulhoso, vestindo a camiseta preta da banda que gosta, esperando um showzaço. Pura ilusão, eu tive duas experiências muito tristes, que contando depois foram hilárias. Show cover do Black Sabbah, no Opinião, e do Aerosmith, no Garagem Hermética, ambas eram muito ruins. A banda cover do Aerosmith o vocalista chegava a não saber as letras das músicas, que coisa decepcionante. Eu ainda tinha angariado público para esse show “mequetrefe”, insisti tanto que consegui levar o Teco e a Camila, o Chapolin e o Samuel. Pobres mortais que foram obrigados a ouvir aquela porcaria. Nesse do Aerosmith cover, acho que valeu mais a pena a banda que abriu, o Cartel da Cevada, esse foi o primeiro show que fui deles, depois ainda estive presente em outro, acho que foi no Opinião. “Quatro bêbados alucinados, cansados de escrever em inglês. Nossa grana só vai no trago, do boteco já somos freguês…” essa música é muito engraçada.
Como gosto bastante de Heavy Metal, fui a algumas apresentações de bandas gaúchas, sabe como é?! Mais barato e mais perto de nossa realidade. Estive em três da Magician, três da Scelerata, três da Hibria, um da Hangar, um da Apocalypse e um da Distraught. Por sinal, quem que gosta de Heavy Metal em Porto Alegre que nunca foi em um show da Distraught? Porra, mais puta véia metaleira impossível no cenário local, 20 anos de estrada.
De bandas nacionais fui a quatro do Shaman, sim quaaaatro, (caraca eu adorava tanto o disco Ritual hehe), até no Araújo Vianna eu fui em show do Shaman e três do Sepultura.
Da galera internacional, o primeiro que estava lá foi o do Kiss em 1999, no Jokey Clube, poxa eu era novinho e fui sozinho, 14 anos, entrei batendo na trave do limite da idade para entrar no show (spaaartacus). Por sinal, esse show foi muito doido, aquele alvoroço na cidade semanas antes, só se falava nisso e o Teco de ingresso comprado e eu não estava dando muita bola no início, isso até chegar no dia do show. Naquele 15 de abril de 1999 eu iniciei a “Missão Kiss”, eles estavam na tour de lançamento do Psycho Circus e eu sem ingresso e naquela tensão para ir, mas não tinha como, até que tive a brilhante idéia de ligar desesperadamente para rádios e afins. Até que na Atlântida consegui, quase supliquei para quem estava do outro lado da linha, só sei que ela me passou pro setor de marketing e consegui ingresso. Isso já era final da tarde, no dia do show, eu deveria estar 18hs no carro da Atlântida que estaria perto da entrada do Jokey, dar meu nome e retirar o ingresso tão almejado. Fe Feliz e com óculos 3D do Kiss hehe
Depois da experiência maluca do Kiss, fui ao show do Nightwish, dia 15 de agosto de 2002, no Opinião. Ainda peguei a fase do Nightwish bem (na minha opinião, depois do Century Child ficou uma bosta). Sabe o que é um show lotado? Era esse do Nightwish em 2002, eu trabalhava na Junta Comercial do Rio Grande do Sul (JUCERGS), lembro que saí do serviço meio dia, eram 14hs e eu estava na frente do Opinião, junto com o Samuel. Aquele dia estava quente, mas quennnte e aquela galera tomando conta da José do Patrocínio, todos de camisa preta e consequentemente pingando de suor. Fiquei 9hs naquela fila, os portões abriram às 23hs e o Opinião lotado como nunca, no bis da banda eu estava passando mal. Fui obrigado a sair um pouco da frente do palco e do empurra-empurra. Era nega saindo carregada sem ar, fulano desmaiando de calor, que doidura, isso é Heavy Metal hehe
Em 2004, fui no show no Edguy, na tour do Hellfire Club, com o Chapolin e a Michele. Show do Edguy é bem legal e o Tobias Sammet é o cara.
No dia 31 de julho de 2005 fui ao show do After Forever, também no Opinião. A turnê era do disco Remagine, o ingresso eu ganhei em uma Metal Jam, no extinto Alive bar. Junto foi o Chapolin e lá achei a Michele novamente.
Alguém lembra do Kaiser Music? A cerveja Kaiser é difícil de engolir, pelo menos nas cinco primeiras que qualquer um bebe, mas o festival de musica da Kaiser até que foi legal. No dia 18 de setembro de 2005, Hellacopters (quem?), Sepultura e Deep Purple, incendiaram o Gigantinho.
A abertura ficou por conta do Hellacopters, que até fez um sucesso (beeem pequeno) em 2003. A banda Sueca subiu ao palco sob os gritos de “Sepultuuura, Sepultuuura, Sepultuura” da massa. Lembro que os caras não desciam do palco, alguém muito inteligente (?) chegou a atirar da platéia um tênis, que bateu no guitarrista da banda, que fingiu nem ter visto nada e seguiu com aquela apresentação colocada ali para “encher linguiça”. Logo após entrou o Sepultura, com a banca de orgulho nacional, e não é que me deparo com o Guilherme Martin (ex-Viper e Toy Shop) de roadie do Igor Cavalera? Caraca, nunca pude ir a um show do Viper, mas um dos ex-bateristas eu vi dar uma porradas na batera que nem dele era, pertencia ao Igor, cacilda hehe
Chegando ao final da noite, eis que sobe a velha geração do Rock N’ Roll, puxa, eu gostava tanto de Deep Purple muito mais do que outros da época (fora o Aeromith). Em Porto Alegre, durante o Kaiser Music, eles estavam lançando o disco “Bananas” (má que porra é essa?), um cd beeem mais ou menos. A parte mais legal do show ficou com Smoke On The Water (a que eu mais gostei sempre foi Highway Star), onde, como de costume nos shows dos caras, o pessoal todo acendia os isqueiros, enquanto cantavam o refrão e o Ian Gillan só acompanhava no olho. Por falar no Gillan, ele também foi responsável pela parte maluca que me lembro desse show há sete anos. A cada música concluída, o vocalista do Purple ia atrás do palco e empinava uma garrafa do glorioso Drurys. Nã, nã, nã, ninguém me convence que era Jack Daniel’s ou Johnny Walker, era Drurys e eu bato o pé de que era Drurys.
Depois de anos de recesso de grandes shows, eis que o Aerosmith aparece. Poxa, faz 15 anos que comprei o primeiro cd do Aerosmith, até eles lançarem o Just Push Play, aquela M*$#@, eu era muito fã, tinha tudo deles, comprava tudo, coisa meio da idade eu acho, entre 12 e 18 anos eu acho. De qualquer forma, a década de 70 do Aerosmith eu tiro o chapéu até hoje, gosto de mais.
Conforme os anos vão passando, o Aerosmith vai chegando mais próximo de seu final, tamanho é a idade de seus componentes e as brigas existentes na banda. Antes desse final, eu tive um presente, um presente literalmente. Dia 27 de maio de 2010, um dia antes do meu aniversário de 26 anos eles estiveram em Porto Alegre. No primeiro segundo com 26 anos, há 00:00:01 do dia 28 de maio, eu estava no estacionamento da Fiergs, ouvindo Walk This Way ao vivo. Eu não precisava de nenhum outro presente!
De cena interessante fica a gurizadinha nova, fãs de Jaded, Fly Away From Here e “Aquela do Armagedon”. Quando tocou Jaded, Crazy e I Don’t Wanna Miss I Thing era aquele coro de pessoas felizes cantando com grau mais alto que suas vozes alcançavam e o Fernandinho aqui, com cara de decepção. Até que toca Lord of the Thighs, de 1974, (a que eu mais gosto), tchê!, eu cantando alto, tri feliz e aquele silêncio na minha volta. Quando descrevi essa cena pro Teco, eu acho que ele definiu bem o sentimento de todos os presentes: “Cara, eles devem ter pensando: que tio muito louco!” e depois eu defini o meu papel. Pela primeira vez me senti o “Tio da Sukita”.
Quando estudei no IPA, apresentei dois programas na rádio da faculdade, o Caverna do IPA e o Bola Murcha, ao lado de Andrey, Alexandre, Conrado, Daniel Miranda, Daniel Moura e Jorge. Durante dois anos estive a frente da Caverna, na segunda temporada apresentei ao lado do Paulo Finger, grande figura. Tocávamos heavy metal e tínhamos informações atualizadas sobre o mundo da música pesada, além de fazermos entrevistas. Por lá passaram Iuri Sanson, da Hibria, Gustavo Strapazon, da Scelerata, e a banda Asper.
Bom, eu poderia escrever um livro só de peripécias, mas dessa vez ficarei por aqui. Mas para finalizar o momento shows, ainda gostaria de assistir ao vivo o Mago de Oz, Rata Blanca, Viper (já eras o Viper), Tuatha de Danann, Janis Joplin cover e o Lacuna Coil. No próximo dia 18, estarei indo em algo bem mais “light”, show do Teatro Mágico, em São Leopoldo, espero que seja legal, os caras são muito bons e levam algo muito diferenciado à todos.
Em breve a parte II. Afinal, teve reunião do Viper, o Lacuna Coil veio para Porto Alegre e agora até a Doro Pesch. O Teatro Mágico já não é tão legal e vi Velhas Virgens e Matanza em uma mesma noite. Sim, esse texto merece uma parte II.
Olá, Fernando,
entro em contato porque tu és assessor da Assecan, não?
enviei um e-mail para a entidade, mas envio para ti também, porque às vezes, demora para as pessoas lerem:
Sou historiadora, e estou construíndo um projeto de pesquisa (doutorado na UFRGS) sobre as entidades ecológicas no RS, desde a fundação da Agapan, em 1971.
Gostaria de saber se sua entidade possui arquivo e se seria possível consultar seus documentos (ata de fundação, estatutos).
A pesquisa se daria no ano que vem, mas eu preciso saber de vocês, para colocá-los na lista do meu projeto.
Os fundadores da entidade ainda participam dela? Seria possível entrevistá-los futuramente?
Seria possível indicar nomes?
Aguardo seu contato.
Se tu puderes agilizar a resposta, agradeço muito, porque tenho prazo para finalizar o projeto e incluir a ASSECAN na lista.
Obrigada!
Elenita Malta Pereira
Mestranda em história na UFRGS