O amor resolve. A raiva atrasa

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Naquela sexta-feira, Pedro enviou uma mensagem para Cíntia, sua esposa, avisando que teria que ficar até mais tarde no escritório. Ela respondeu na mesma hora com “Tudo bem. Sem problemas”. Até aí tudo bem, mas passara uma hora de seu horário convencional de saída e um colega de trabalho de Pedro foi embora, disse que iria jantar com a esposa em um restaurante romântico da cidade.

Pedro teve uma ideia, ao ir embora passaria no mercado, compraria um vinho e alguns produtos para preparar um jantar em casa, colocaria no som A Love Supreme, do John Coltrane e deixaria tocando, curtindo o momento a dois. Pensando naquilo, resolveu mandar outra mensagem para Cíntia, escrita apenas: “Te amo, meu amor!”.

Nesse momento, Cíntia leu a mensagem e contou até dez para responder. Ela tentava se controlar enquanto a palma de sua mão transpirava.
– Te amo por que, Pedro Henrique? Por que você enviou essa mensagem? O que está aprontando? – Cíntia não se conteve.
– Como assim? Escrevo várias vezes que te amo. Não entendi o chilique – respondeu Pedro, que no primeiro momento achou engraçado.
– Não é chilique, não me fala em chilique. Eu tô calma, eu tô tranquila. Só não entendi você me enviar isso, do nada. Não estava ocupado? Está com peso na consciência por alguma coisa, Pedro Henrique? – disse Cíntia.
– hahaha calma o coração hahaha relaxa, tá tudo certo. Só quis dizer que te amava – respondeu Pedro.
– Em casa vamos conversar – respondeu Cíntia, com um misto de raiva e curiosidade. Pedro nem respondeu mais.

Ao sair do trabalho, Pedro manteve seu plano, foi ao mercado e enviou uma nova mensagem: “Estou saindo. Em 20 minutos estou em casa”. Cíntia respondeu apenas “ok”.

Se a coisa já estava ficando ruim para Pedro apenas com uma mensagem de “Te amo, meu amor!”, imagina entrando em casa com um vinho e diversas sacolas para preparar um jantar romântico. Naquele cenário, para Cíntia continuava claro que algo errado acontecia e que Pedro apenas estava tentando se livrar da culpa por ter pisado na bola. Você já viu alguém discutir ao mesmo tempo que fica emburrada e de birra? Essa era a Cíntia naquele momento.

Nessa hora, o clima criado na cabeça de Pedro para fazer algo romântico já havia ido para o espaço.
– Tá ok, se você quer continuar com essa bobagem toda, eu vou lhe contar o que aconteceu – disse Pedro.
Se até esse momento Cíntia cuspia raiva e desconfiança exagerada, nessa hora ela gelou e já pensou em 393 coisas diferente em uma fração de segundos.

Pedro explicou a história, com calma, com detalhes e no final ainda deu uma pequena palestra sobre nunca ter dado motivos para que Cíntia desconfiasse dele, o quanto a amava e que ela deveria parar com esse tipo de chilique. Após a perda de tempo e a raiva em vão, Cíntia entendeu e agradeceu a surpresa.

No fundo, quando há problemas ou dúvidas devemos resolver, a raiva é perda de um tempo que poderia ser de felicidade.

Então, ambos tentaram voltar aos trilhos e curtir o momento. Afinal, era sexta-feira e a noite não tinha hora para acabar.

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