D’Alessandro: um adeus que dói, mas que nos deixa uma grande história
D’Alessandro incendeia o Rio Grande do Sul desde 2008 com uma personalidade forte, sanguínea e de entrega. Colorado, em quantos momentos da tua vida o D’Ale colaborou para elevar tua auto-estima numa segunda-feira (ou em uma quinta-feira)?
Esqueça um pouco o ano atípico dele na última temporada e faça uma reflexão em sua consciência.
Existem vários fatores que tornam um jogador importante para um clube, mas o “gringo” não se limitou, ultrapassou todos eles, deu seu famoso drible “La Boba”, olhou para trás e apenas riu de todos os percalços, cornetas, dificuldades que atravessaram seu caminho nesses quase 8 anos e se tornou o nosso capitão.
Se o Inter se tornou Campeão de Tudo, muito foi com a contribuição decisiva dele, do “Cabezón” que virou homem Grenal, homem Sulamericana, homem Libertadores e um cidadão gaúcho, um cidadão porto-alegrense que não teve medo de nos elevar ainda mais. Como o jornalista Fabiano Baldasso bem lembrou em um texto seu: quem não lembra da Sulamericana de 2008, na Bombonera, quando D’Ale botou o dedo na cara dos jogadores do Boca que são odiados por ele desde o ventre materno (e vice-versa). Palco onde, anos antes, Chiquinho e Dieguinho tiravam fotos e arregalavam os olhos com pavor do adversário.
D’Alessandro foi o melhor jogador do Internacional desde Falcão, mas ganhou mais, vibrou mais, sofreu mais, chorou mais, flauteou mais, brigou mais, reclamou mais e também apitou mais.
Quantos e quantos jogadores tivemos, mas quem abraçou a instituição como ele? Um canhoto de 1,74cm, de pernas finas, de voz fina, mas de alma gigante e envolvimento oceânico não só com o Inter, mas com Porto Alegre.
Com o evento Lance de Craque, promovido pelo argentino na Capital, foram arrecadados e distribuídos às instituições carentes mais de 100 mil reais em 2014 e novamente valor semelhante em 2015, além dos produtos de higiene e limpeza, fraldas e alimentos entregues no Gabinete da Defesa Civil e recebidos pelo prefeito José Fortunati, em novembro do ano passado, para os afetados pelas enchentes. Em abril de 2015 o gringo ganhou a chave da cidade, recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre, após ser homenageado na Câmara Municipal da Capital.
O cachorro que tenho em casa ganhou o nome do gringo. Sim, ele se chama D’Alessandro.
Nesta quarta-feira (03/02/2016), está deixando o futebol gaúcho seu principal expoente em décadas. Um argentino insolente que vestiu a camisa colorada como muitos e a dignificou como poucos. Mesmo que raros jogadores em nossos 106 anos de história tivessem esse envolvimento todo, será bom para todas as partes a saída do gringo. Não cabe sermos egoístas. As raízes do D’Ale estão na Argentina, no River, e vamos deixa-lo viver esse desejo de continuar vestindo vermelho e branco, mas agora no país vizinho ao nosso, no clube que o apresentou ao mundo.
Agora, só resta o nosso MUITO OBRIGADO, Andrés D’Alessandro, por ter vestido com tanta garra nossa camisa, ter nos dados tantas glórias e ter escritos páginas tão belas em nossa história.
D’Alessandro em quase 8 anos de Inter: • 341 jogos | • 76 gols | • 79 assistências | • 11 títulos